Duo + Dois

Ano: 2019

Dois, mais um e mais um. Foi assim que o Duofel, duo formado pelos violonistas Fernando Melo e Luiz Bueno, somou-se primeiro ao mestre dos sopros Carlos Malta para em seguida adicionar o percussionista Robertinho Silva e virar um quarteto. A história começou com Carlos Malta ao ouvir a dupla pela primeira vez, na abertura dos shows do grupo de Hermeto Pascoal, ao qual ele pertencia. Foi o Bruxo dos Sons que possibilitou o contato gerador de uma primeira somatória, o encontro de sonoridades de Duofel e Carlos Malta. A adição do Robertinho Silva viria em seguida, encetando a formação instrumental desses quatro virtuoses, que se puseram a viajar pelo país, com interpretações originais de grandes composições da música brasileira.

Acontece que esse encontro frutífero entre instrumentistas virou CD e o quarteto crava o lançamento do disco no dia 25/5 no Teatro Anchieta do Sesc Consolação, durante o Instrumental Sesc Brasil, o projeto pioneiro de música instrumental do Sesc. Adiante-se com o texto de Carlos Calado enquanto o álbum não chega nas plataformas digitais e na Loja Sesc.

Quando músicos consagrados decidem se lançar em uma nova parceria, é natural que as expectativas de seus admiradores aumentem. Em agosto de 2016, ao saber que os violonistas Fernando Melo e Luiz Bueno, do Duofel, iriam estrear um quarteto com o flautista Carlos Malta e o percussionista Robertinho Silva, logo pensei no grande potencial criativo desse projeto. Como não esperar algo especial desses quatro instrumentistas de alto quilate, que há décadas transitam por diversas vertentes musicais?

Mesmo tendo a oportunidade de assistir a uma das primeiras apresentações desse quarteto (ainda em 2016), confesso que, passados dois anos, me surpreendi ao escutar este álbum. Eu não esperava encontrar no repertório tantos clássicos da música popular brasileira, em releituras que chamam atenção pelos inusitados tratamentos harmônicos e rítmicos, sem falar nos criativos improvisos do grupo.

Também fiquei impressionado pelo grau de coesão e empatia sonora que o quarteto revela nessas gravações. Mesmo que Malta e Silva tenham iniciado esse projeto como convidados do Duofel, basta ouvir qualquer faixa deste álbum para se perceber que hoje eles são parceiros ativos. Os quatro tocam como se já estivessem juntos há muitos anos.

Entre vários achados musicais, fica difícil destacar uma ou outra gravação. É bem possível que, como eu, você se encante pela onírica releitura do ‘Canto de Yemanjá’ (de Baden Powell e Vinícius de Moraes), não resista à suingada condução rítmica de ‘Água de Beber’ (Tom Jobim e Vinícius), se emocione com a evanescente versão de ‘Cais’ (Milton Nascimento e Ronaldo Bastos) ou sorria ao ouvir a contagiante introdução e os improvisos do grupo em ‘Maracangalha’ (Dorival Caymmi).

Este projeto é marcante, em nossa história, porque trouxe algo que nunca tínhamos experimentado em quase 40 anos de carreira do Duofel: a liberdade do jazz, no sentido de se criar a música na hora ou de se transformar algo mais ou menos combinado. Essa foi umas das parcerias mais felizes que eu e Fernando já experimentamos”, comenta o violonista Luiz Bueno.

Depois de escutar este disco outras vezes, tenho certeza de que a alegria, a liberdade criativa e a fina musicalidade que o quarteto duo+dois transmite nestas gravações também vai contagiar muitos outros ouvintes.’”

Fonte: https://www.sescsp.org.br/online/selo-sesc/757_DUODOIS#/tagcloud=lista

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https://g1.globo.com/pop-arte/musica/blog/mauro-ferreira/post/2019/03/04/duofel-se-une-a-carlos-malta-e-a-robertinho-silva-em-disco-feito-com-a-autonomia-do-jazz.ghtml

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